A análise de Insumo-Produto é uma extensão prática da teoria clássica de interdependência geral que vê a economia total de uma região, país, ou mesmo do mundo todo, como um sistema simples, e parte para descrever e para interpretar a sua operação em termos de relações estruturais básicas observáveis” (Leontief, 1987, p. 860).
François Quesnay (1694-1774) apresentou o Tableau Économique. Quesnay é considerado o fundador da Escola Fisiocrata. O Tableau Économique mostra:
que a agricultura é a atividade econômica produtiva e que a manufatura é a atividade estéril;
como se dá a relação de produção entre estes dois macro-setores da economia.
Contribuições de Leontief:
Desarmamento,
Comércio internacional,
Automação e
Meio ambiente
Visão geral A economia funciona para equacionar a demanda e a oferta dentro de uma vasta rede de atividades. Leontief conseguiu realizar a construção de uma “fotografia” da economia. Ele mostrou como os setores estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem os outros de serviços e produtos e quais setores compram dos outros.
Pode-se mostrar que todos os setores estão interligados, direta ou indiretamente. As relações de insumo-produto mostram que os setores podem suprir o processo produtivo ou vender para a demanda final (famílias, governo, investimento, exportações). Para se produzir são necessários insumos, impostos são pagos, importam-se produtos e gera-se valor adicionado, produção e emprego.
Pressupostos:
Economia de escala constante (retornos constantes à escala),
Insumos em proporções fixas,
Os produtos importados não serão exportados diretamente, mas passarão por processamento,
A economia é impulsionada pela demanda final (governo, exportações, consume das famílias e investimento),
Oferta perfeitamente elástica de insumos,
A tecnologia é constante no ano.
Multiplicador do tipo I (Modelos Abertos)
A demanda das famílias é exógena. Efeito Direto (próprio setor) e Indireto (Cadeia Produtiva)
Multiplicador do tipo II (Modelos Fechdos para as Famílias)
A demanda das famílias é endógena (Efeito Induzio). Neste caso temos os efeitos Direto, Indireto e o Induziodo (efeito renda)
A tabela permite estabelecer a seguinte igualdadade \[X_1 + X_2 + C + G + I + E = X_1 + X_2 + M + T + W\]
Eliminado \(X_1\) e \(X_2\) de ambos os lados, tem–se: \[C + G + I + E = M + T + W\]
Rearranjando os termos: \[C + G + I + (E - M) = T + W\] Identidade Macro econômica.
A partir disso, e generalizando para o case de n setores, tem-se:
\[\sum_{j=1}^{n} = Z_{ij} + \underbrace{c_i + g_i + I_i + e_i}_{\text{Demanda Final = } y_i} \equiv x_i \qquad i = 1,\ldots,n\]
em que:
\(Z_{ij}\) é o quanto que o setor j utiliza de insumos do setor i
Dada as característica da matriz insumo–produto, pode–se calcular os coeficientes técnicos da matriz.
\[a_{ij} = Z_{ij}/x_j\]
rearranjando
\[Z_{ij} = a_{ij}x_j\]
As duas expressões acima mostram quanto se usa do insumo (\(z_{ij}\)) para produzir o produto (\(x_j\)), dado o coeficiente técnico \(aij\) que é, também, chamado de coeficiente de insumo–produto ou coeficiente direto de insumo.
Em termos matriciais : \(\mathbf{A} = \mathbf{Z}\mathbf{\hat{X}}^{-1}\)
Assumindo-se que os fluxos intermediários por unidade do produto final são fixos (pressuposto), pode-se derivar o sistema aberto de Leontief1, ou seja:
\[\sum_{j=1}^{n}a_{ij}x_j + y_i = x_i \qquad i = 1,\ldots,n\]
Em que:
\(a_{ij}\) é o coeficiente técnico que indica a quantidade de insumo do setor i necessária para a produção de uma unidade modetária de produto final do setor j;
\(y_i\) é a demanda final por produtos do setor i, \(c_i + g_i + i_i + e_i\).
Em termos matriciais, a equação acima pode ser escrita da seguinte forma: \[\mathbf{Ax}+\mathbf{y} = \mathbf{x}\]
em que A é a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (n x n) e mostra o que cada setor vai precisar de si mesmo e dos outros setores (em termos de insumos) para sua produção; x e y são vetores colunas de ordem (n x 1):
\[\mathbf{A} = \begin{bmatrix} a_{11} & \ldots & a_{1n}\\ \vdots & \ddots & \vdots \\ a_{n1} & \ldots & a_{nn} \end{bmatrix} \qquad \mathbf{x} = \begin{bmatrix} x_1\\ \vdots\\ x_n \end{bmatrix} \qquad \mathbf{y} = \begin{bmatrix} y_1\\ \vdots\\ y_n \end{bmatrix} \]
Resolvendo a equação acima é possível obter a produção total necessária para satisfazer a demanda final, ou seja: \[ \begin{align*} \mathbf{x} & = \mathbf{Ax} + \mathbf{y}\\ \mathbf{x} - \mathbf{Ax} & = \mathbf{y}\\ (\mathbf{I} - \mathbf{A})\mathbf{x} & = \mathbf{y}\\ \mathbf{x} & = (\mathbf{I} - \mathbf{A})^{-1}\mathbf{y} \end{align*}\]
Em que \(\mathbf{x} = (\mathbf{I} - \mathbf{A})^{-1}\mathbf{y}\) é conhecido como modelo de Leontief.
\((\mathbf{I} - \mathbf{A})^{-1}\) é a matriz de coeficientes diretos e indiretos, também conhecida como a inversa de Leontief.
\(\mathbf{L} = (\mathbf{I} - \mathbf{A})^{-1}\) mostra o que cada setor vai fornecer para todos os setores para que a demanda final seja atendida. Sendo assim, o elemento \(l_{ij}\) pode ser interpretado como sendo a produção total do setor i que é necessária para atender a uma unidade da demanda final do setor j.
Vejamos um exemplo extraído do Miller and Blair (2009).
Vejamos o código em R para realizarmos os cálculos
MIP = matrix(c(150,500,350,1000,200,100,1700,2000,650,1400,1100,3150,1000,2000,3150,6150),4,4,byrow = T)
MIP
## [,1] [,2] [,3] [,4]
## [1,] 150 500 350 1000
## [2,] 200 100 1700 2000
## [3,] 650 1400 1100 3150
## [4,] 1000 2000 3150 6150
## [,1] [,2]
## [1,] 150 500
## [2,] 200 100
## [1] 350 1700
## [1] 1000 2000
## [,1] [,2]
## [1,] 0.15 0.25
## [2,] 0.20 0.05
Observando a matriz de coeficientes técnicos \(\mathbf{A}\) verifica–se que o setor 1 compra $0,15 dele mesmo e $0.20 do setor 2 para realizar sua produção. POr outro lado, o setor 2 compra $0,05 dele mesmo e $0,25 do setor 1. É preciso ter em mente que ao se aumenar a produção do setor 1, esse irá demandar insumos dele mesmo e do setor 2, mas para o setor 2 atender a essa nova demanda irá precisar de insumo do setor 1. Esse efeito cíclico se repete indefinidamente e que pode ser captado pela inversa de Leontief.
## [,1] [,2]
## [1,] 1.2541254 0.330033
## [2,] 0.2640264 1.122112
Analisando os resultados obtidos tem–se que o aumento de uma unidade monetária do setor 1 implica em um aumento de produção de $ 1,254 do setor 1. $ 1 é para atender a demanda final e o restante serve de insumo para atender o setor 2 e para atender o setor 1 para que esse possa produzir insumos para o setor 2. O setor 2 irá produzir $ 0,264, necessária para atender o setor 1 e para atender a si mesmo para que esse possa atender o setor 1. Somand–se na coluna tem–se o impacto do aumento de uma unidade monetária da demanda final do setor na economia.
## [1] 1.518152 1.452145
O setor 1 apresenta um multiplicador de produção igual a 1,518. Isso significa que um aumento de uma unidade monetária na demanda final do setor 1 a economia como um todo irá aumentar sua produção em $1,518. O impacto do setor 2 será de $ 1,452. Isso faz com que o setor 1 se um setor importante para o aumento da produção na economia, mas isso não significa que ele seja importante também na geração de empregos e de renda, assundo que será tratado em outro post.
O sistema aberto de Leontief considera a demanda final como exógena.↩︎